Eram vários os planos relativamente à nossa incursão pela selva, como referi na mensagem anterior, contudo todas as decisões previamente pensadas e projectadas neste contexto geográfico estão sujeitas a mudanças e necessitam de ser rapidamente assumidas e resolvidas….e assim foi!
...a chegar a Tarapoto numa manhã chuvosa...
O objectivo de ir de Yurimaguas até Iquitos de barco ficou por mim adiado, pois a Julie sempre acabou por realizar a nossa ideia inicial posteriormente, e decidimos em pouco tempo tomar um designado colectivo, que não é mais do que um carro que só parte quando está lotado, e lá fomos em direcção a Sauce também conhecida por Laguna Azul devido à lagoa que se encontra nesta povoação!
O frenesim das motocicletas em Tarapoto!
Poucos minutos de caminho e comecei a ficar fascinado por uma paisagem selvática que nunca antes tinha visualizado…mesmo em Chanchamayo…também pela primeira vez pude sentir o calor húmido e a chuva tropical tão natural destas latitudes…Em seguida deparei-me com uma situação apenas digna de documentários televisivos…atravessar um rio através de uma espécie de jangada conectada a um cabo suspenso…constituindo uma óptima alternativa a uma ponte complexa e dispendiosa que a geografia do local requereria!
A tal jangada...e o sistema de cabos!
Com vontade dar um mergulho...senão fossem as piranhas :D
(mas por caso neste rio não haviam...)
Atravessado o rio, o Sr. Condutor acelerou a fundo pela estrada avermelhada de terra batida, e em género de rally amador chegámos à desejada lagoa…não podendo deixar de mencionar a observação de diversas orquídeas que numa relação simbiótica repousavam nos ramos de diversas árvores!
Mal chegámos à pacata povoação de Sauce, que por acaso foi uma antigo refúgio do grupo terrorista dos anos 80/90 MRTA, apenas tivemos tempo de “saltar” do colectivo para uma canoa que nos iria proporcionar uma visita à Laguna Azul…que segundo os locais periodicamente se esbranquiça devido a libertações de substâncias químicas provenientes de um vulcão aparentemente inactivo que é banhado pela mesma. No meio da visita encomendamos um peixinho da lagoa para o almoço que iria ser entretanto preparado…Durante a tarde ainda tivemos tempo para visitar o mini zoo lá da terra onde contactámos em 1º grau com macaquinhos, papa-formigas, porcos silvestres entre outros animais da região. Achei imensa graça aos papa-formigas pois são mais enérgicos do que eu pensava e movimentam-se nas árvores tal como macacos :D
Já dentro do barquito!
Julie...a minha amiga de aventuras pela selva!
E ao fundo um antigo Jocker!
Para terminar o dia da melhor forma…alugámos um confortável “lodge” virado para a lagoa que nos permitiu apreciar o pôr-do-sol na selva… e organizámos para o dia seguinte uma cavalgada pela selva adentro com o objectivo de alcançar uma recôndita catarata!
O relvado que nos separava da Laguna Azul!
...um belo refúgio para alguma meditação...
No dia seguinte acabei por realizar um conjunto de desejos que nunca pensei que se pudessem conjugar numa só viagem pela selva amazónica… De facto percorrer a cavalo campos de arroz e floresta amazónica ainda pouco explorada é algo de extraordinário!
O primeiro desejo foi satisfeito com o percurso a cavalo de uma forma tão livre como nos filmes de cowboys…é indescritível o andamento a galope! O segundo basicamente consistiu em estar cara-a-cara com extensos campos de arroz…nunca mais esquecerei o seu verde claro transbordando vitalidade! Por fim e por isso mesmo é que me dirigi a este local…consegui entrar na floresta amazónica de uma forma descontraída, sem turistas…sentindo-me o primeiro ocidental a contactar com todo o esplendor da selva! Após todos estes desejos alcançados…tudo colmatou com um mergulhito numa catarata escondida entre a abundante verdura selvática… Por todo o caminho também foi possível observar e tocar em plantações de café, de cacau, papaia, yuca, plátanos…não me podendo “olvidar” da banda sonora que entoava nas montanhas circundantes cuja autoria pertencia às variadíssimas espécies de insectos e aves nativas deste lugar! Destaco o som peculiar de um insecto que parecia nada menos do que uma autêntica máquina de barbear!
A chegada a Sauce depois de 10h decavalgada foi algo de triunfante…e não poderei esquecer-me do radioso e reconfortante sol que nos foi agraciado neste final de aventura. Apenas tenho pena de não ter tirado muito mais fotos...mas a minha máquina de guerra embora tivesse espaço na memória tinha chegada ao limite do contador de fotos...portanto teimosamente queria ser formatada :( No entanto qualquer dia publicarei mais fotos, em especial do interior da selva, que a Julie captou na sua câmara!
...sim estou no Peru e não no Cambodja : D
Assim se passaram 2 dias interessantes e únicos numa selva mais próxima das minhas expectativas…pois sem dúvida que o culminar da minha busca incessante por uma selva amazónica idêntica à minha percepção de selva tropical será correspondida com a minha ida a Iquitos!
No dia seguinte de novo tive que me separar da minha companheira de viagem…embarcando eu numa viagem de mais de 20h rumo ao local que antigamente pertenceu à cultura Chimú… e ela rumo a Iquitos por barco como tanto eu queria!
Tal como dizia, de uma forma especialmente irritante, a voz off dos populares desenhos animados SanGoku….”Não percam o próximo episódio”…pois mais aventuras e fotografias da costa desértica peruana serão divulgadas :D