sábado, 22 de novembro de 2008

Cajamarca y Chavín!

Hola amigos! Qué tal?

Tenho andado um pouco desaparecido…sem dar novidades…mas como é óbvio isso não é sinal de falta de aventuras! Até pelo contrário…nestes últimos tempos já estive no Chile, em Cajamarca, em Lima e até já mudei de obra…estando agora em Arequipa…no sul do Peru.

São tantas as paisagens, ruínas, peculiaridades que quero publicar que nem sei por onde começar…mas admitindo um critério cronológico…

…voltamos ao ponto final da minha escalada ao Nevado Pisco…mesmo cansado ainda tive energias de reserva para embarcar numa longa viagem até Cajamarca, na serra norte do Peru…necessitando um dia para chegar e tendo que suportar os solavancos contínuos do autocarro devido ao péssimo estado da estrada…a pior que alguma vez vi!

Mapa do Peru em que Cajamarca está assinalada no rectângulo superior


Cajamarca na antiguidade foi um importante interposto da rota andina que conectava Cusco a Quitos e foi nesta cidade com traços coloniais que os espanhóis capturaram e condenaram à morte Atahualpa, um dos filhos do inca Huayna Cápac que com a morte do pai teve que compartir o que restava do império inca com o seu irmão Huáscar. Contudo Atahualpa que ficou responsável pela governação da região norte do império não ficou agradado com esta repartição embarcando numa guerra civil com Huáscar que por sua vez governava desde Cusco a região sul do antigo império.

Como curiosidade penso que é interessante referir que antes da sua condenação à morte o inca Atahualpa em desespero pagou aos espanhóis um resgate milionário, diz-se que quase 6.000 kg de ouro e 12.000 kg de prata foram fundidos e convertidos em lingotes.

Actualmente Cajamarca é conhecida pelas suas importantíssimas minas de ouro, principalmente a mina de Yanacocha uma das mais produtivas do mundo, uma vez que as montanhas circundantes estão repletas de ouro. Estupidamente Cajamarca, que recebe valiosas contribuições da exploração mineira, continua a ser uma das regiões mais atrasadas e pobres do Peru.

Panorâmica de Cajamarca...em que se destaca o Cerro Santa Apolonia no centro

Pelos meus vários passeios no centro histórico pude aperceber-me que Cajamarca ainda preserva a sua herança colonial espanhola, pela primeira vez senti-me como se estivesse nas “calles” andaluzas espanholas. Por exemplo as fachadas das igrejas preservam a pedra barrocamente trabalhada ao contrário do colorido vivaço das restantes igrejas peruanas. Também é comum constatar que as torres de algumas das igrejas, como a catedral, estão inacabadas pois segundo li a intenção era evitar o pagamento de impostos à corte espanhola, obrigatório uma vez que se finalizava uma igreja.

Igreja de San Francisco e detalhe da sua fachada

Catedral com as suas torres imcompletas!

Os arredores de Cajamarca também estão recheados de muitos outros atractivos, muitos deles considerados maravilhas peruanas, como os Baños Termales del Inca, Cumbe Mayo e as Ventanillas de Otuzco. Como o tempo é um bem limitado apenas explorei os dois últimos destinos.

Em Cumbe Mayo podem-se avistar inúmeras formações rochosas fora do comum em que cada rocha segundo a nossa imaginação se transforma numa interessante figura, como tartarugas, piratas e entre outras… Além disso este mesmo local alberga perfeitos canais conformados nas rochas realçando a perícia das antigas culturas de Cajamarca.

Perspectiva das formações rochosas de Cumbe Mayo

Canal talhado na rocha!


Cajamarquinas com os seus "sombreros" típicos

As Ventanillas de Otuzco como o próprio nome o indicia são várias câmaras escavadas num maciço rochoso que foram utilizadas para fins funerários. Estas várias câmaras por sua vez estão interligadas entre si labirinticamente, tendo sido divertidamente percorridas pelos visitantes durante vários anos até que uma consciência de preservação do património foi assumida.

Ventanillas de Otuzco!

No final do dia o Tour ainda nos permitiu visitar os chamados Alpes Suíços, um local próximo de Cajamarca famoso pela sua produção de queijo e de Manjar Blanco, não faltando uma breve degustação destes “ícones” de Cajamarca.

...uma das várias fábrica de queijo Cajamarquinas..

O dia seguinte foi completamente “perdido” no meu regresso para Huaraz, via Trujillo, no entanto nessa manhã ainda tive um tempito para visitar o Cerro Santa Apolónia, que não é mais do que uma protuberância na cidade de Cajamarca onde segundo as lendas locais estão localizados a “Silla del Inca” e um labirinto que terá ligação à antiga capital do império, Cusco. O acesso a este labirinto actualmente não é permitido visto que várias pessoas se perderam nunca tendo sido novamente avistadas.

O Bom Jesus de Braga lá do sítio...mas com menos encanto :d

Mal cheguei a Huaraz, ainda de manhãzinha e depois de uma longa viagem nocturna de autocarro, entrei num outro bus agora com destino a Chavín de Huantár onde estão localizadas as ruínas da maior estrutura ainda existente da cultura Chavín, uma das mais antigas do continente e influentes a nível cultural.

...a caminho de Chavín de Huantár...onde no ponto mais alto fomos agraciados com flocos de neve :D

A ponte de madeira que nos conectava com as ruínas...

...isto sim são Lamas...que deambulavam dentro do recinto das ruínas livremente!

Provavelmente esta estrutura foi um grande centro cerimonial, cujos edifícios foram construídos entre 1200 e 800 a.C., em que se destacam os seus incríveis e complexos túneis subterrâneos utilizados em rituais religiosos.

..."yo en la plaza ceremonial"...

...edifício principal do monumento...

Portal com colunas trabalhadas!


"el Lanzón"...algures na confluência de vários túneis...

...perdido nos labirínticos túneis...ainda com vestígios de queimaduras na cara em resultado da subida ao Nevado Pisco!

Muro com a única "cabeza clava" que ainda se mantêm intacta...as restantes encontram-se em museus...sendo os ícones mais conhecidos da cultura Chavín.

No final da visita como estava com fomeca...porque não experimentar o tal "Cuy Picante"...que é simplesmente um Porquinho da Índia frito...admito que me custou começar a devorá-lo devido às suas patitas muito explícitas...além disso não foi lá grande coisa...pois carne nem vê-la lololol

"Cuy Picante"...mais conhecido por Porquinho da Índia :d

"Serranas" em fila de espera para serem atendidas no banco...aonde estarão os esposos??


Assim terminou este “pack” de dias livres cujo auge foi atingido com a subida ao Nevado Pisco.

Em breve espero publicar mais fotos da região andina onde vivi vários meses, uma vez que já me encontro numa outra obra, bem como da minha exploração por terras chilenas no qual alcancei as portas de entrada da misteriosa Patagónia.

Hasta pronto!